segunda-feira, 2 de maio de 2011

Na agenda do sargento Rosário, os experts em explosivos da época

Publicada em 23/04/2011 às 19h46m
Alessandra Duarte e Chico Otavio

RIO - Foi olhar nos jornais de 1981 a foto do sargento da PM Joaquim de Lima Barreto ao lado do Puma destroçado no Riocentro, e o coronel da PM Paulo César Amêndola reconheceu:

- Era o Barreto! Ele era do antigo Goesp. Aí eu soube que o nosso pessoal é que estava fazendo a perícia desse caso.

O antigo Goesp, ou Grupo de Operações Especiais, na época já se chamava DGIE, ou Departamento Geral de Investigações Especiais, órgão da Secretaria estadual de Segurança que cuidava da perícia dos atentados a bomba tão comuns naquele início de abertura.

E era o DGIE que o sargento Guilherme Pereira do Rosário tinha frequentado no início de 81, segundo depoimento dado pelo próprio Barreto num dos inquéritos do caso. O mesmo grupo que investigava atentados a bomba tinha ligações com quem participava deles. 

Também eram do antigo Goesp dois nomes anotados por Guilherme do Rosário em sua agenda: José Paulo Boneschi e o próprio coronel Amêndola. Coronel da reserva, Amêndola diz não se lembrar de ter conhecido Rosário, ou o "agente Wagner", codinome do sargento. Mas ele dá algumas pistas de como pode ter ocorrido a aproximação do sargento Rosário de pessoas do DGIE, ainda no início da formação do órgão:

- O Goesp foi formado nos anos 70 (pelo então secretário de Segurança, general Luís de França), para ser a elite da polícia. Ele teve só três turmas de formação, eu fui da segunda, em 70; a última foi em 72. Era uma unidade formada por PMs, policiais civis, bombeiros, corpo de salvamento. Pegaram gente que se destacava nesses grupos, e colocaram para treinar e fazer cursos na Brigada Paraquedista.

Era da Brigada Paraquedista que o sargento Rosário vinha. E ele já servia na brigada quando, nos anos 70, turmas de PMs da Secretaria de Segurança foram fazer treinamento com os paraquedistas, segundo lembra Lindomar Cardeal, então sargento paraquedista que servia com Rosário na época e era amigo dele.

Cardeal, que chegou a participar como monitor de parte desse treinamento dos policiais, também está na agenda.

Após a formação das turmas, o Goesp começou a atuar sob a chefia do inspetor José Paulo Boneschi - outro anotado no caderninho de Rosário. Já falecido, Boneschi foi chefe de interrogadores no DOI-I e consta das listas de torturadores da repressão. No livro "Tirando o capuz", Álvaro Caldas, torturado por ele, chega a descrever o inspetor como asséptico, sempre de roupa branca e limpa, e usando cabelo escovinha. Boneschi comandava "a entrada e a saída das equipes de busca, centralizando as informações que chegavam da tortura", narra Caldas no livro.

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/mat/2011/04/23/na-agenda-do-sargento-rosario-os-experts-em-explosivos-da-epoca-924305044.asp#ixzz1LD3WOImv
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