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Do jornal O Globo
26/07/2010 -
O presidente do Chile, Sebastian Piñera, anunciou ontem que os crimes cometidos durante a ditadura não serão anistiados, negando um pedido feito semana passada pela Igreja Católica chilena. O controvertido pedido da Igreja provocou protestos de grupos de direitos humanos.
Com a decisão, o governo chileno espera diminuir a tensão com a oposição de centro-esquerda e os grupos de defesa dos direitos humanos.
A Igreja chilena queria que Piñera libertasse ou reduzisse as sentenças de militares condenados por violações dos direitos humanos e outros crimes durante a ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990). A Igreja disse que o pedido de clemência era um gesto humanitário, para marcar as celebrações pelos 200 anos da independência chilena.
O gesto enfureceu defensores dos direitos humanos e vítimas da ditadura. Além de reacender memórias da ditadura de Pinochet, um assunto que até hoje divide a sociedade chilena. Temia-se que o conservador Piñera cedesse à Igreja. Mas ontem ele disse que atender à Igreja não era possível. "Precisamos promover a cultura do respeito irrestrito aos direitos humanos", afirmou o presidente chileno.
Piñera, cujo irmão foi ministro de Pinochet, disse, porém, que poderá oferecer o perdão para condenados que são muito velhos ou doentes e cujos crimes "não tenham ferido a alma do país". Representantes de grupos de direitos humanos reagiram com cautela. Disseram que a decisão do presidente era positiva.
Porém, declararam que permanecerão alertas em relação à concessão de perdão de sentenças dos condenados pelo assassinato e morte de dissidentes e que hoje cumprem pena de prisão.
"Esperamos que a promessa do presidente Piñera seja cumprida. Queremos nos encontrar com ele para ter certeza disso e entender exatamente o que ele pretende fazer", afirmou Lorena Pizarro, diretora de um grupo de parentes de desaparecidos durante a ditadura.
De acordo com as contas do governo da ex-presidente Michelle Bachelet, 3.195 pessoas desapareceram ou foram mortas durante a ditadura de Pinochet. Cerca de 28 mil, incluindo Bachelet, foram presas e torturadas. Pinochet morreu em 2006, sem jamais ter sido condenado pelos crimes cometidos por seu regime.
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