Da redação da Tribuna do Advogado
01/09/2010 - "Que nunca mais a democracia e a diversidade sejam banidas da sociedade brasileira e da UFRJ", diz a mensagem na placa inaugurada pelo presidente da OAB/RJ, Wadih Damous, e pela vice-presidente do grupo Tortura Nunca Mais, Victória Grabois, nesta quarta-feira, 1, à entrada da Faculdade Nacional de Direito. A homenagem da instituição de ensino é dedicada a Antônio Sérgio de Matos (1948-1971), estudante "morto pela ditadura, e a todos os professores, servidores e alunos que foram perseguidos pelo autoritarismo ou por aparelhos repressores estatais", lê-se na placa.
Wadih exortou os estudantes que participaram da homenagem a se empenharem "na recuperação da memória" dos fatos que envolveram a sociedade e a universidade no período ditatorial, e dos colegas que resistiram à repressão. "Estamos empenhados em virar essa página da História, revelando a verdade. Enquanto não soubermos o que aconteceu e quem foram os responsáveis, a democracia não vai se consolidar. O Estado tem a obrigação de nos revelar", afirmou.
Na sessão de homenagem, o diretor da Faculdade de Direito, Flávio Martins, elogiou a Campanha pela Memória e pela Verdade promovida pela Seccional, e disse que o país não pode "varrer a sujeira para debaixo do tapete" se quiser limpar a sociedade das manchas do passado. O pró-reitor Carlos Levi, representando o reitor Aloísio Teixeira, reafirmou a importância do conhecimento da história e anunciou a criação do Memorial aos Mortos e Desaparecidos Políticos na UFRJ. O diretor do Centro Acadêmico Cândido de Oliveira (Caco), Ranier Coimbra, garantiu empenho em "jamais abrir mão da democracia"
A cerimônia reuniu, além de professores e estudantes, um grupo de ex-militantes e amigos de Antônio Sérgio, que receberam em seu nome uma placa com a letra da canção Menino, de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos: "Quem cala sobre teu corpo/ Consente na tua morte/ Talhada a ferro e fogo/ Nas profundezas do corte/ Que a bala riscou no peito/ Quem cala morre contigo/ Mais morto que estás agora/ Relógio no chão da praça/ Batendo, avisando a hora/ Que a raiva traçou no tempo/ No incêndio repetido/ O brilho do teu cabelo".
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