Comissão da Verdade quer acabar com a família, a Igreja e as Forças Armadas - dizem os militares
Militares colocam em dúvida metodologia do órgão e levantam teoria conspiratória para acabar com a Lei da Anistia
Wilson Lima
e Luciana Lima- iG Brasília |
- Atualizada às
Após um ano de investigação, são cada vez maiores as
queixas dos militares contra os trabalhos da Comissão Nacional da
Verdade. Se antes a dúvida estava relacionada apenas ao foco das
investigações, hoje os militares alegam que todo o trabalho tem o
objetivo de derrubar a Lei da Anistia
(Lei 6.683/1979).
Os militares acreditam que a Comissão é um órgão “para
acabar com pilares sagrados da extrema direita: a Igreja, a família
cristã e as Forças Armadas”,
como define o assessor especial da
presidência do Clube Militar do Exército, general Clóvis Purper
Bandeira. “Eles (integrantes da Comissão da Verdade), filhos da
burguesia, querem acabar com as instituições como a família, a Igreja e
as Forças Armada”, comentou.
Wilson Dias/ABr
Ustra, que comandou o DOI-COdi, depõe na Comissão Nacional da Verdade
Mesmo com a definição expressa nos objetivos do órgão, de
trazer a verdade sobre os crimes cometidos pelo Estado em nome da
ditadura militar, as altas patentes das Forças Armadas ainda insistem na
ideia de que se deve buscar uma paridade na composição da comissão e
nas investigações. O general de brigada do Exército Luiz Eduardo da
Rocha Paiva afirma que os casos de militares que morreram em conflito
com os movimentos armados também precisam ser investigados.
“Já que ela (a Comissão) está aí, que funcione, mas que
cumpra o que está na lei. A lei é bem clara, não é para investigar
apenas os crimes cometidos por agente públicos. A lei diz que deve ser
feita a reconstrução dos casos de graves violações dos direitos humanos
para que seja prestada assistência às vítimas. E aquelas 120 vítimas do
outro lado? Essas são, por acaso, cidadãos de segunda categoria?”,
questionou o general que acusou a Comissão de se “autolimitar”.
Em março, o Clube Naval do Rio de Janeiro, o Clube
Militar do Exército e o Clube da Aeronáutica divulgaram uma nota oficial
denominada “Mensagem à nação brasileira”. O documento criticava os
trabalhos da Comissão da Verdade. As entidades afirmaram que havia no
Brasil um Estado de exceção e que, por esse motivo, era necessário o
sufocamento de uma ameaça comunista.
“O povo brasileiro, no início da década de 1960, em
movimento crescente, apelou e levou as Forças Armadas Brasileiras à
intervenção, em março de 1964, num governo que, minado por teorias
marxistas-leninistas, instalava e incentivava a desordem administrativa,
a quebra da hierarquia e disciplina no meio militar e a cizânia entre
os Poderes da República.”
Entre os representantes das Forças Armadas há um
pensamento de que a CNV, instituída durante o governo do PT, foi criada
como instrumento de vingança contra os militares. O ápice desse plano
seria a mudança na interpretação da Lei da Anistia
.
“Eu acho que, de posse do resultado dos trabalhos da
Comissão da Verdade, parlamentares, principalmente do PT, tentarão
modificar os efeitos da Lei da Anistia. Logo ela que foi a pedra angular
da reconciliação nacional”, afirma o presidente do Clube Naval do Rio
de Janeiro, o vice-almirante Ricardo Antônio da Veiga Cabral.
Agência Brasil
O ex-sargento Marival Chaves, que trabalhou no DOI-Codi/SP, presta depoimento na Comissão
A primeira confirmação da “atitude parcial” da Comissão
da Verdade teria sido a expedição de uma resolução, em agosto do ano
passado, delimitando o foco de atuação do órgão. De acordo com esse
documento, a Comissão da Verdade passou a investigar apenas os crimes
cometidos por agentes do Estado. “Essa é uma meia verdade”, disse. “A
Comissão da Verdade quer causar um maior prejuízo à Forças Armadas
enquanto eles pousam como defensores da democracia”, critica Bandeira.
Após o lançamento da Comissão, o Clube Naval chegou a
instituir, por meio de portaria interna, uma comissão especial para
acompanhar os trabalhos do órgão. Eles temiam que membros da Marinha
fossem convocados e disponibilizaram assessores jurídicos para evitar a
condução coercitiva. Até agora, nenhum membro da marinha foi convocado
pelo colegiado. Ao todo, 17 militares já prestaram depoimentos à
Comissão da Verdade.
Tortura é parte da familia de quem?
ResponderExcluirsó eles puderam acabar com as familias entende?
Excluiragora, os valentões, se borram de medo de ir para o banco dos réus para responder pelas atrocidades que fizeram