Sexta, 30 de março de 2012
unisinos
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH),
entidade da Organização dos Estados Americanos (OEA), notificou nesta
semana o Estado brasileiro sobre denúncias referentes às circunstâncias
da morte do jornalista Vladimir Herzog, em 1975.
A reportagem é de Luciana Lima e publicada pela Agência Brasil, 29-03-2012.
A
notificação indica a abertura oficial, pela corte internacional, da
investigação sobre a morte do jornalista, ocorrida dentro do
Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa
Interna (DOI-Codi) de São Paulo, órgão subordinado ao Exército, que funcionou durante o regime militar.
O
pedido de investigação foi feito por quatro entidades que atuam na
defesa de direitos humanos no Brasil: o Centro pela Justiça e o Direito
Internacional (Cejil), a Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos
Humanos (FIDDH), o Grupo Tortura Nunca Mais, de São Paulo, e o Centro Santo Dias de Direitos Humanos, da Arquidiocese de São Paulo.
Em nota divulgada nessa quinta as quatro entidades acusam o Estado
brasileiro de omissão. "Este caso é mais um exemplo da omissão do Estado
brasileiro na realização de justiça dos crimes da ditadura militar
cometidos por agentes públicos e privados", destaca a nota.
A denúncia foi enviada à OEA em
2011, porque as entidades consideraram que não houve por parte do
Estado brasileiro o devido processamento legal do caso. "Esse caso já
deveria ter sido investigado, processado e julgado e, se for o caso,
com a punição dos responsáveis. Isso não ocorreu", disse a advogada Natália Frickmann, da Cejil, uma das organizações que assinam a denúncia.
Segundo
Natália, houve tentativas internas para que ocorresse o processamento
legal, mas não houve resposta do Estado brasileiro. "Por isso, essa
denúncia foi levada à comissão internacional, já que a Convenção
Americana de Direitos Humanos determina essa obrigação", explicou a
advogada.
De acordo com a denúncia, a única investigação
realizada até hoje sobre a morte do jornalista foi feita por meio de
inquérito militar, que concluiu pela ocorrência de suicídio, versão
apresentada à sociedade e à família de Herzog.
Em
1976, parentes do jornalista apresentaram uma ação civil declaratória
na Justiça Federal desconstituindo a versão do suicídio. Em 1992, o
Ministério Público do Estado de São Paulo requisitou a abertura de
inquérito policial para apurar as circunstâncias da morte de Vladimir
Herzog, mas o Tribunal de Justiça considerou que a Lei de Anistia é um
obstáculo para a realização das investigações.
Em 2008, outra
tentativa para iniciar o processo penal contra os responsáveis pelas
violações cometidas foi feita, mas procedimento foi novamente arquivado
sob o entendimento de que os crimes haviam prescrito.
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