Segunda, 26 de novembro de 2012
http://www.ihu.unisinos.br/noticias/515844-tortura-partia-do-oficialato-indica-estudo-de-professoras
Duas pesquisadoras se debruçaram sobre as listas divulgadas por
militantes e pela imprensa de esquerda contendo nome dos supostos
torturadores que atuaram no regime militar. A pesquisa ainda está no
começo, mas já deixou claro que a maioria pertencia ao Exército, e eram
principalmente oficiais.
"Partindo do universo das 1.263 pessoas
encontradas no conjunto das listas, excluídas as repetições, temos 33%
(416) civis, 55,7% (704) militares e 11% (142) cujo estatuto é
desconhecido", dizem elas em estudo preliminar divulgado no 36º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs). O estudo está disponível no site da entidade.
A informação é publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 25-11-2012.
Mariana Joffily é professora de história da América da Universidade do Estado de Santa Catarina; Maud Chirio ensina história na Universidade de Marne la Vallée (França).
Entre
1976 e 1979, listas de "agentes repressivos" que teriam participado de
torturas foram criadas por oposicionistas e publicadas no jornal
alternativo "Em Tempo".
Outra lista detalhada foi extraída dos processos da Justiça Militar pelos responsáveis pelo projeto "Brasil: Nunca Mais".
Segundo
elas, os dados comprovam a tese da militarização das atividades
repressivas. "Enquanto a repressão era, antes de 64, essencialmente
civil, nas mãos da Polícia Civil e do Dops [Departamento de Ordem
Política e Social], os quartéis se tornam um espaço central desta."
Entre
os militares, 64% são do Exército, 6% da Aeronáutica, 8% da Marinha e
15% das polícias militares; 70% dos militares dos quais a patente é
conhecida são oficiais.
Uma das conclusões é particularmente
danosa à imagem do Exército: "O número de militares denunciados como
torturadores é extremamente reduzido em comparação com os efetivos das
Forcas Armadas da época. Quando se trata, porém, somente da oficialidade
do Exército, a proporção começa a ser significativa, situando-se entre
5% e 10%".
Nenhum comentário:
Postar um comentário