Publicado em 27-Mar-2012
“A ideia é atacar não os torturadores mais famosos, mas os desconhecidos, os que têm uma vida comum hoje e que geralmente os vizinhos não sabem o que eles fizeram no passado. São pessoas que hoje levam uma vida tranquila. Alguns até recebem aposentadoria militar. São médicos, jornalistas, empresários, gente de diversas áreas profissionais”, anunciou Edison Rocha, um dos coordenadores do Movimento, em entrevista a este blog.
Segundo Edison, o objetivo dos atos de ontem e dos próximos é, também, alertar o país para a reação dos militares contrários à instalação da Comissão da Verdade(os que se manifestam publicamente são da reserva). “A nossa meta é dar uma resposta à altura da reação dos militares, principalmente do ‘Alerta à Nação’ divulgado por eles”.
Setores militares continuam contrários à Comissão da Verdade
Setores militares, alguns até representados pelo Clube Militar, já há algum tempo externam posições contrárias à instalação e funcionamento da Comissão e a favor do silêncio eterno sobre os crimes cometidos durante o regime de exceção.
O Movimento Levante Popular da Juventude já promoveu atos ontem em diversas capitais e cidades brasileiras, em apoio e pró-instalação imediata da Comissão - aprovada há seis meses pelo Congresso e ainda não instalada - e denunciando agentes da ditadura.
Os atos de ontem, feitos diante da casa ou dos locais de trabalho de ex-integrantes da repressão, ocorreram em Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG), Marabá (Pará), Fortaleza (CE) e Aracaju (SE). Outras ações de agitação, panfletagem e diálogo-denúncias de torturadores à população ocorreram em Curitiba (PA), Lages (SC), Rio (RJ), São Carlos (SP) e Salvador (BA).
Em São Paulo, 150 manifestantes reuniram-se em frente à empresa de segurança privada Dacala, na Zona Sul, empresa de David dos Santos Araújo, acusado de ser torturador durante a ditadura (1964-1985). Leiam a nota Levante Popular da Juventude faz ato contra agente da repressão.
Movimento fez levantamento além da lista de torturadores
Os organizadores do Movimento têm um levantamento dos agentes da repressão feito a partir do livro “Brasil: nunca mais”, do grupo Tortura Nunca Mais editado em parceria com a Cúria Metropolitana de São Paulo. “Mas o nosso trabalho de pesquisa sobre essas pessoas (torturadores) foi além: procuramos conversar com militantes da época e buscar outras fontes para saber aonde andavam essas figuras”, explica Edison Rocha.
Os atos realizados ontem nas diversas capitais e cidades do país foram inspirados nos chamados "atos de esculacho", ações similares às implementadas na Argentina e no Chile, nas quais jovens denunciam e revelam torturadores que continuam soltos e sem julgamento. Mas, as novas manifestações do Movimento, programadas para os próximos dias, podem ser diferentes.
“É provável que as outras ações não tenham a mesma forma, o mesmo caráter, porque achamos que agora, depois dos atos de ontem, o diálogo agora está aberto com a sociedade e vão surgir outras formas de protesto, de manifestações e de pressão pela instalação já da Comissão da Verdade", conclui Edison Rocha.
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